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“O Lodo”, filme de Helvécio Ratton, é aposta acertada e bem sucedida

Tempo de Leitura: 3 minutos

Lodo

<<Crítica / Cinema >> == por Aguinaldo Gabarrão (*)

O diretor de cinema Helvécio Ratton tem em sua filmografia obras que vão desde o folclore brasileiro, voltadas para o público infantil (A dança dos Bonecos), passando por temas políticos (Batismo de Sangue) e de assuntos como a inclusão social de jovens (Uma Onda no Ar). Seu projeto mais recente O Lodo é a continuidade dessa pesquisa de histórias que trazem, de uma forma ou de outra, o insólito como matéria prima a ser observada e discutida.

Adaptado livremente do conto homônimo que está na obra “O Convidado”, do autor mineiro Murilo Rubião (1916-1991), o roteiro conta a história de Manfredo (Eduardo Moreira), que busca o psiquiatra Pink (Eduardo Parara) para tratar a sua depressão. Ao ser questionado pelo médico de que precisa trazer à tona o lodo que tem dentro de si, o paciente resolve desistir do tratamento. A partir daí, o médico passa a persegui-lo e o passado obscuro bate à porta de Manfredo.

Lodo

Realismo fantástico

O conto que deu origem ao roteiro adaptado pelo próprio diretor e por L.G. Bayão, é uma feliz transposição para o cinema. A história com ares de realidade, é paulatinamente acrescida de situações absurdas, que servem para ressaltar a verdade interior da personagem.

E a direção de Ratton sabe usar de elementos visuais para construir o quebra-cabeças do terrível dilema, oculto no passado de Manfredo. Numa das sequencias iniciais, ao dirigir-se para a consulta, ele sobe uma escadaria em que cada degrau é constituído de um verso da poesia “Debaixo do Tamarindo”, de Augusto dos Anjos, revelador de um niilismo existencial que dialoga com a situação da personagem central.

Lodo

O lodo interior

Assim como no conto, o diretor deixa subtendido para o público, o ato provocado pelo homem. Ao conjunto de signos coerentes do qual Ratton se serve para construir o universo inconsciente de Manfredo, alia-se a direção de fotografia de Lauro Escorel, que imprime em alguns momentos uma atmosfera de pesadelo, mesmo tendo optado por uma luminosidade mais realista.

O filme conta com a participação de vários integrantes do prestigiado Grupo Galpão, de Minas Gerais. E cada ator consegue extrair de forma competente o humor sutilmente cínico, que amplifica o desconcertante lodaçal cíclico em que Manfredo se atirou.


Assista abaixo o trailer – clique na imagem:


Serviço
O LODO
  • Gênero: Drama
  • País: Brasil
  • Classificação: 14 anos
  • Duração: 1 hora e 34 minutos
  • Ano: 2023
Ficha técnica 
  • Elenco: Eduardo Moreira, Inês Peixoto, Teuda Bara, Renato Parara, Rodolfo Vaz, Fernanda Vianna, Maria Clara Strambi, Cláudio Márcio, Paulo André e Antônio Edson
  • Diretor: Helvécio Ratton
  • Roteirista: Helvécio Ratton e L.G. Bayão
  • Direção de Fotografia: Lauro Escorel, ABC
  • Direção de Arte: Adrian Cooper, ABC
  • Música: Paulo Santos
  • Montagem: Mair Tavares
  • Produção: Simone Matos, Quimera Filmes
  • Distribuidora: Cineart Filmes
  • Divulgação: Sinny Assessoria e Comunicação

 

 

Aguinaldo Gabarrão – ator e consultor de treinamento corporativo. Um eterno colaborador do Diário Zona Norte.

 


 

 

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