da Redação DiárioZonaNorte
Editorial
Nem bem os rojões haviam estourados nos céus, o ano de 2020 já tinha começado para as eleições municipais. Logo no início do ano, o vice-prefeito que virou prefeito da cidade de São Paulo – sem ter um voto sequer declarado, já que foi na carona do eleito João Doria -, Bruno Covas, deixou muito claro em alto e bom som, em entrevista à Rádio Jovem Pan, que “sou candidato à reeleição!” – e “vai buscar um nome para ser seu vice”.
Mesmo em tratamento médico para cura de um câncer na região do estômago, Covas reafirmou também que não vai renunciar. Nos bastidores, fontes afirmam que “é um espelho reverso”, ou seja, um modo de mostrar uma imagem até outra definição oficial, antes das convenções – o partido de Covas, o PSDB, tem várias articulações, entre elas uma chapa formada pelo ex-governador Geraldo Alckmin e o subprefeito da Vila Mariana, Fabricio Cobra Arbex.
O cenário ainda é nebuloso, mas a corrida extraoficial teve a largada para mais de 20 possíveis pré-candidatos à prefeito – incluindo até o apresentador José Luiz Datena, que pode ser a “bola da vez” na disputa contra os “velhos e conhecidos” políticos de carreira – incluindo as famílias, e os parentes com filhos e netos.
Tudo isto vai ficar no vai-e-vem dos noticiários e nas entrevistas destes pré-candidatos até as definições nas convenções dos partidos, de 20 de julho a 4 de agosto. E a partir deste prazo, haverá dois meses para a propaganda eleitoral até o primeiro turno das eleições em 4 de outubro – no caso dos candidatos à prefeito, o segundo turno – se houver — pode ser realizado em 25 de outubro. Até lá muita lenha será consumida na fogueira das disputas, entre espantos e surpresas.
Sem coligações
Um fato que não deixa dúvidas é o fim das coligações partidárias. Os partidos políticos estão proibidos de formar coligações para disputar cargos legislativos – no caso, a Câmara Municipal. Os partidos agora disputam sozinhos, ou seja, a votação não é somada com outras legendas.
Com isto, haverá reflexos também nas candidaturas ao cargo máximo, de prefeito. É claro que haverá mais candidatos para disputar o cargo por vários partidos. E abre outra perspectiva para depois das eleições, quando da posse de prefeito e vereadores, em janeiro de 2021: a não distribuição de cargos e postos na Prefeitura de São Paulo para os “feudos” de vereadores e partidos – o que hoje acontece com frequência nas últimas gestões.
As influências políticas
Há uma esperança que, com isto, diminua as influências políticas e partidárias nas Subprefeituras, que sempre tem “os donos invisíveis” para a população da Zona Norte (Nordeste) – neste caso, as regiões que a compõem, que é delimitada pela Casa Verde /Cachoerinha/Limão, Santana/Tucuruvi/Mandaqui, Jaçanã/Tremembé e Vila Maria/Vila Guilherme/Vila Medeiros – até Parque Novo Mundo.
Nos bastidores, uma disputa ferrenha para se ter este ou aquele cargo no Executivo ou ganhar um posto dentro das Subprefeituras – desde o Subprefeito, o Chefe de Gabinete até o Coordenadores de Cultura ou Esportes, ou até na Assessoria de Comunicação, de algumas subprefeituras da Zona Norte, que o responsável nem é jornalista – e nunca passou por uma Redação – e nem tem curso superior — ou como aconteceu na gestão passada do PT, que um titular da assessor de comunicação de uma subprefeitura da região grafava “Açesoria de Imprensa” ao definir seu departamento. Enquanto no mercado, um monte de jornalistas competentes e desempregados.
A situação é tão esdrúxula que temos subprefeitos e chefes de gabinete que residem fora da cidade de São Paulo e foram colocados no cargo por meio de “acertos partidários”. Se para quem vive na região já é complicado, imagine para um “forasteiro”. Em uma outra subprefeitura também da região, um funcionário nomeado para a área de habitação, reclamava que quando aceitou o cargo, entendeu que era “fiscalização” e que não entendia nada de habitação.
Não reeleger político
Os eleitores, com as mudanças no próximo pleito poderão ser os efetivos agentes da mudança na administração pública, por meio de uma postura politica diferente de tudo que aconteceu até hoje. Uma das primeiras ações é tirar o voto do piloto automático e “não votar em vereador que quer a reeleição”—ou aquele que já foi e não conseguiu se reeleger e agora quer de novo “a mordomia do cargo”– , não importa o partido ou seu histórico.
A renovação tem que sair do discurso e se tornar efetiva. Nossa região tem condições de eleger, no mínimo, três vereadores. Analise dar o seu voto a um postulante novo, que viva na região e que tenha atuação efetiva em sua comunidade. Pessoas que já “brigam” há anos e voluntariamente por melhores condições de vida da população da região, seja na saúde, educação, transportes ou em qualquer outra área.
Por viver e conviver com os problemas da região, estes novos políticos destinarão suas emendas parlamentares (leia-se dinheiro do orçamento da Prefeitura) efetivamente para a nossa região e para problemas realmente sérios.
Uma Câmara Municipal séria e transparente
É o princípio do Voto Distrital, que precisa ser discutido e agora, com tempo, para daqui a quatro anos – ou seja, para entrar em vigor a partir de 2024. O pontapé inicial pode ser dado agora, elegendo pessoas capacitadas para os problemas da cidade e dos bairros.
Ser vereador não pode se resumir a receber um alto salário (cerca de R$ 20 mil) e outros valores para gastos “despesas administrativas”, com um gabinete lotado de “assessores parlamentares” (que deveriam ser os olhos do parlamentar nas ruas vigiando as obras e a zeladoria).
O que é necessário é ter a vigilância de vereadores em suas regiões, ouvindo e realizando para os moradores. E acompanhar os serviços de zeladoria e de obras nas subprefeituras, cobrando do subprefeito e de sua equipe. Para isto, obrigatoriamente exigir do novo vereador sua residência e seu escritório político no bairro que o elegeu – como acontecia antigamente, bem antes mesmo!
O vereador deve aparecer nos bairros
Ver e sentir as dificuldades das populações nos bairros de seu reduto eleitoral. Não ficar na Câmara Municipal buscando interesse de outros grupos ou dando nomes a praças e viadutos.
E nem ficar em “promessas” que nunca serão cumpridas. Ir nos locais e sentir “in loco” o que está acontecendo e lutar por melhorias. Nos casos de situações de emergência, como enchentes, estar presente e buscar ajuda aos desabrigados.
Nas últimas enchentes da Zona Norte (ou até mesmo em outra região) não se viu e nem se falou do que os vereadores fizeram ou pressionaram a Prefeitura de São Paulo ou mesmo reuniram esforços para destinar alguma emenda parlamentar para obras de infraestrutura.
Uma das funções da Câmara Municipal é vigiar e acompanhar as obras e iniciativas da Prefeitura, ouvindo e defendendo os interesses da população. E as pessoas que perderam tudo nas águas sujas e fedidas de córregos e bueiros entupidos continuam pagando o carnê das Casas Bahia, como ficam? Quem deu assistência, quem se preocupou, como estão hoje?
Zona Norte sem representante
Infelizmente, as três últimas gestões -– principalmente a atual — deixaram muito a desejar nas administrações das subprefeituras da Zona Norte, no todo. Uma região que não teve representantes escolhidos pelo voto e com subprefeitos impostos e que, voltamos a repetir, nem moram nela.
Na verdade, não temos um legítimo representante, mas um “punhado” de vereadores que tentaram “tomar posse da Zona Norte”. Uma Zona Norte que cresce, tem novos investimentos da iniciativa privada, gerando empregos diretos e indiretos. Mas, na verdade, é esquecida nas ações e na zeladoria. E a obrigação de “um representante do povo” é cobrar e acompanhar o que deixou de ser feito — ou o que está para ser feito.
O seu voto vale ouro
O único voto de eleitor e morador da Zona Norte é muito importante. Esse voto representa seu “dia seguinte” ou o “futuro de sua família”. Junto com outros milhares de votos da região podem representar “um legítimo vereador” de seus e de outros direitos da comunidade. Isto define-se como cidadania.
Devemos fazer a “lição de casa”, analisar as propostas sérias e não as impossíveis de cada candidato que se apresentar nos próximos dias e meses. Os benefícios da região em busca da melhorias dos hospitais, as emendas parlamentares com destino certo para compra de equipamentos, ou a reforma ou ampliação de uma nova Unidade Básica de Saúde (UBS), ou qualquer outro que possa dar dignidade aos moradores, que pagam seus impostos ao município. Obras supérfluas com “o dinheiro do povo” – sem consulta — não resolvem os problemas que a região sente e convive no dia a dia.
Os novos representantes
Serão 55 novos cargos na Câmara Municipal para a legislatura 2021/2024… e serão mais quatro anos. Vamos analisar seriamente e votar certo em candidatos novos – que nunca passaram ou estão no cargo – para cumprir o fundamental: trabalhar para o povo! Não fique no blá-blá-blá das promessas de candidatos que não moram na sua região, que não compram o mesmo pãozinho na mesma padaria, e que nem mesmo sabe seu nome ou onde você mora.
O DiárioZonaNorte é apartidário e não dá apoio a nenhum candidato, mantendo os princípios de um jornalismo livre, responsável e democrático na região. Nossa conduta também se reflete na área comercial: por norma, não veiculamos publicidade governamental.
O DiárioZonaNorte é a favor sim da “renovação na Câmara Municipal” para exigir os direitos do povo, com muito trabalho e transparência. E, ao mesmo tempo, já demonstra o lado favorável das próximas eleições municipais com o uso do “Voto Distrital”, em 2024.
O que pode, até lá, ter influência para que os subprefeitos e chefes de gabinetes sejam com votação popular da região, onde moram, e abram caminhos para seleção “de gente da região”, em funções e cargos para coordenações eficientes na saúde, habitação, cultura, esportes, transportes, serviços e outras demandas.
O seu voto é muito importante, não o desperdice, dê mais valor. Converse com outras pessoas e pense, analise e decida para um voto consciente e valorizando a nossa Zona Norte. Desde já, comece a definir seu voto participando de reuniões, dos debates e conversas com os “novos candidatos”.
Comece a “brigar” pelos seus interesses , por seu bairro ou comunidade. Não aceite ofertas para comprar seu voto. Se agirmos dentro do que é certo, haverá esperança! E podemos mudar o país pelo lado daqueles que estão mais próximos da gente. Estaremos juntos, na mesma corrente!