Mundo
da Redação DiárioZonaNorte
O imbróglio continua com a Prefeitura da Cidade de São Paulo na resistência dos moradores do Parque Novo Mundo, na Zona Norte, que não admitem a implantação de um novo albergue na região – definido como Centro Temporário de Acolhimento (CTA).
Depois de várias manifestações nas ruas e em frente ao prédio, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social (SMADS), através de seu secretário e vereador licenciado Carlos Bezerra Jr., que convocou os moradores para uma reunião nesta 5ª.feira (09/03/2023), às 14h30, no auditório da secretaria no 36º andar do prédio na Rua Líbero Badaró, no centro da cidade. Todos acomodados em uma sala identificada como auditório – com cadeiras em círculo, deixando um frente ao outro.
Essa reunião com a representação de apenas 12 moradores do Parque Novo Mundo – a SMADS tinha determinado somente 5 representantes – teve início com atraso às 15h15 e durou cerca de quatro horas, terminando por volta das 19 horas. Houve a proibição de tirar fotos, usando o celular e tão pouco gravar. Junto ao Secretário Bezerra Jr. foram convocados muitos auxiliares do governo municipal, entre secretários, adjuntos, assessores do prefeito, gerentes dos albergues e até da Organização Social envolvida no processo.
Segundo relatos de moradores presentes à reunião, “ficou claro que a SMADS está aberta para negociar, mas do jeito deles”, mas não abrem mão da localização no prédio escolhido na Av. Serafim Gonçalves Pereira nº 119, no Parque Novo Mundo – que já tem contrato assinado desde o final do ano passado. O posicionamento da SMADS foi irredutível durante a reunião com seu posicionamento de manter o segundo CTA, comentam representantes do bairro da Zona Norte.
“Queriam que a gente engolisse do jeito deles”, declarou outra moradora que estava no local. Os moradores sugerem o aproveitamento do prédio já alugado para ser usado para outra finalidade como o CTA para idosos, ou seja, um tipo de creche para o pessoal da terceira idade. A mesma sugestão que aconteceu dos moradores da Vila Maria, quando da tentativa do CTA na Rua Margarinos Torres (ver matéria – clique aqui).
Nada contra, muito pelo contrário
Ficou claro que os moradores não admitem mais um albergue na região, que já possui o CTA-14 na Avenida Tenente Amaro Felicíssimo da Silva nº 1399 – que fica somente a 1,5 km do prédio onde se pretende abrigar o novo albergue. E houve a sugestão para que a SMADS use o CTA-14 para um reaproveitamento melhor de acolhimento.
Ao mesmo tempo, os moradores reafirmaram que nada há contra a população em situação de rua, mas sim como são tratados no esquema de horários rígidos dos albergues, que acolhem em períodos noturnos e depois as pessoas ficam perambulando pelas ruas, durante o dia, sem ter o que fazer.
Os moradores alegam também que a implantação do novo albergue foi feito de uma maneira sigilosa. Não houve consulta e nem mesmo uma audiência pública. E, por outro lado, não houve uma transparência com a população e nem mesmo estudos de impacto social e ambiental na região. De uma hora para outra, os vizinhos acabaram descobrindo o que seria no local. Os moradores dizem ainda que, nestes últimos dias, o prédio que estava em reforma e acertos internos, de repente viram pessoas já colocadas no local, sem inauguração oficial.
Sem acordo
A SMADS manteve o mesmo posicionamento de não abrir mão do segundo CTA do Parque Novo Mundo. O que ficou claro na reunião foi a preocupação com a resistência dos moradores em manifestações, que até movimentaram as reportagens ao vivo do Bom Dia São Paulo da Rede Globo e o Balanço Geral da Tv Record – videos reproduzidos na integra no Facebook deste jornal. Na reunião, deu a entender que até houve um pedido aos moradores para cessar essas manifestações para que não haja repercussão com outras regiões da cidade.
“Não houve nada de concreto”, segundo a opinião da maioria dos moradores que saíram da reunião, com o mesmo propósito de não parar o movimento. Já nesta 6ª.feira (10/03/2023) está marcada mais uma manifestação às 07h30 em frente ao prédio do pretendido novo albergue e depois deslocamento até a Marginal do Tietê, com faixas e cartazes.
Com reuniões recentes que aconteceram nos Conselhos Comunitários de Segurança (CONSEG) de Vila Maria e no do Parque Novo Mundo e outros meios de comunicação – chegou-se a contratar carro de som percorrendo as ruas do bairro -, os moradores não abrem mão de lutar pelos seus direitos. E buscam levar o assunto ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Município (TCM).
No dia anterior (4a.feira – 08/03/2023), representantes dos moradores estiveram no prédio da Prefeitura da Cidade de São Paulo, junto ao Viaduto do Chá, onde fizeram a entrega protocolada de cerca de 12 mil assinaturas em dois volumes de abaixo-assinado contra a instalação do novo CTA no Parque Novo Mundo.
E todos ficam na expectativa de uma solução do poder municipal que possa atender os munícipes do Parque Novo Mundo, e como comentaram alguns moradores: ´´pagamos impostos, enfrentamos problemas diários de zeladoria na região, não temos atendimentos adequados nos postos de saúde e sem hospital, além de não termos outros equipamentos, mas temos baixa qualidade de vida´´.
Saiba mais detalhes nas reportagens do DiárioZonaNorte:
Leia o artigo de Roberto Freire:
- Os “albergues” da cidade e na Zona Norte devem entrar em debate sem proselitismo – (13/02/2023) – clique aqui
Leia sobre o terreno na Av. Zaki Narchi:
- Área ao lado do Center Norte receberá 2.210 unidades habitacionais populares – (05/01/2021) –clique aqui
E as matérias sobre o caso no DiárioZonaNorte:
- “Albergue da Zaki Narchi irá para o Parque Novo Mundo. Vizinhos são contra” – (01/02/2023) – clique aqui
- “Prefeitura confirma Albergue na Av Serafim Gonçalves Pereira, no Parque Novo Mundo”- (09/02/2023) –clique aqui
- Uma ação e outra reação, mas o destino do albergue no Pq. Novo Mundo é o mesmo – (13/02/2023) – clique aqui
- CONSEG Vila Maria debate o caso do novo albergue no Parque Novo Mundo – (24/02/2023)– clique aqui
Nota da Redação: O DiárioZonaNorte não recebeu convite da SMADS para cobertura jornalística e de interesse aos seus leitores. Ao mesmo tempo, consultou a Assessoria de Imprensa se haveria cobertura da própria SMADS, com posterior envio de informações através de release e fotos, que também foi descartado. Até o fechamento desta matéria, que foi realizada com depoimentos dos moradores presentes à reunião, o jornal não recebeu nenhuma informação oficial.