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Triste
por Beto Freire (*) — Artigo n. 17– < Cidadania >
Na Zona Norte, os distritos de Vila Maria, Vila Guilherme e Vila Medeiros tinham em comum a mesma característica: eram lembradas por seu cotidiano típico de cidade pequena, onde a tranquilidade era uma constante.
Nos últimos meses essa calmaria deu lugar ao medo, são diversas postagens e matérias sobre furtos de veículos.
O desassossego tem constatação em números, o seguro dos veículos automotores é quase 50% mais elevado para a nossa região que o “centro nobre” da cidade.
E para nossa surpresa… A Subprefeitura Vila Maria/Vila Guilherme/Vila Medeiros não entrou no programa “Operação Delegada” que basicamente tem políciais.
Esse reforço no patrulhamento ocorre com duplas de polícias percorrendo a pé vias comerciais dos bairros, trazendo mais segurança para comerciantes e clientes durante o período diurno.
O patrulhamento preventivo aliado a inteligência policial, é a ferramenta mais utilizada para diminuir a violência nos países de primeiro mundo. A Operação Delegada é um programa necessário e com excelentes resultados comprovados, por que nossa região não foi incluída ?
Menos policiais
Essa semana, a “Folha de S.Paulo”, trouxe a realidade que há tempos é de percepção da população, a Polícia Militar tem o menor contingente humano da história para evitar e solucionar crimes.
Nas Vilas Maria/Guilherme/Medeiros, outro destaque negativo, é a falta de viaturas para rondas, mesmo quando há material humano, falta equipamentos para patrulhamento.
A Ronda Escolar que antigamente era vista salvaguardando as escolas, simplesmente desapareceu, não temos efetivo policial e viaturas para esse programa de proteção as crianças e adolescentes.
A população tem feito perguntas pertinentes: o que aconteceu com nossas Vilas e como podemos reconquistar o sossego ?
A primeira resposta é a política de governo que, ao longo do tempo, deixou nossa região invisível, pois o tripé básico de uma sociedade é a saúde, renda e segurança. A recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU) é um policial a cada 250 habitantes, o efetivo policial mínimo para os nossos distritos, que está 50% abaixo do mínino exigido.
Uma região de 300 mil habitantes e não temos os 1200 policiais. O que há hoje, de fato, menos de 600. A Vila Maria, por exemplo, deveria contar com 200 policiais trabalhando todos os dias em dois turnos, temos menos que 100. E não são todos em pleno exercício da atividade, pois existem férias, afastamento por doenças, afastamento administrativo e licenças variadas.
Onde estão as câmeras?
Outro ponto que chama a atenção, e esse não tem jogo de números conforme o gosto do freguês e/ou interesse dos governantes, são as câmeras de monitoramento oficiais. Em Maria/Guilherme/Medeiros não existe nenhuma, nem mesmo as câmeras prometidas pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) — e nem ajuda no dia a dia com vigilância.
as essas câmeras são muito comuns em cidades turísticas ou no centro expandindo de São Paulo. Na região da Avenida Paulista e Jardins são diversas câmeras, ligadas ao Centro de Operações da Polícia Militar (COPOM) que fazem vigilância à distância em tempo real 24 horas nos 365 dias do ano.
A desculpa mais repetida é o “baixo número” de Boletins de Ocorrências — os chamados B.O´s –, mas muitas desistências dos moradores referem-se às burocracias e demora nas delegacias e o B.O. Eletrônico não é acesso para todos. Ninguém informa sobre o número de chamados no 190 em nossa região.
Quantos B.O’s não registrados, por diversas razões estão escondidos na divulgação dos números oficiais? Esses números existem e, com certeza absoluta, estão disponíveis, mas infelizmente não para divulgação e avaliação da Imprensa.
Como fica a situação?
Nos últimos anos, enquanto os indicadores criminais obtiveram alta, ou seja, mais boletins registrados, não houve aumento concreto de efetivo policial em nossa região. A contabilidade de índice criminal e readequação de efetivo, nunca tem destaque quando os dividendos ficam para a população, o cálculo sempre é contrário às vítimas.
A segunda resposta é a falta de engajamento da população, que por questão cultural não cobra a devolutiva dos impostos pagos religiosamente. Aceitando sobras de orçamento e agradecendo políticos por simplesmente fazerem sua obrigação remunerada e pertinente ao cargo ocupado. São muitos aplausos e congratulações para quem não fez nada além de seus encargos funcionais, quem tem salário — e todos os serviços com garantias financeiras, pessoal e até veículo — em tese deveria ter obrigação de trabalhar…
Os contribuintes das vilas não querem viver no “Mundo de Alice” ou na ´´Ilha da Fantasia”, desejamos apenas portar nossos pertences tranquilamente, garantir a integridade física de nossos filhos e a inviolabilidade do seus lares e comércios respeitada!
Leia também o artigo anterior (10/01/2023), com o título ´´ Poder Público não enxerga as Vilas nem de binóculo. Com isto, insegurança é irrefutável ´´- clique aqui
(*) Beto Freire — Antonio Roberto Freire é o nome oficial, com batismo de família genuinamente portuguesa, nascido e criado na Zona Norte, nas bandas da Vila Guilherme e Vila Maria. Cronista das Vilas, é torcedor apaixonado pela Portuguesa de Desportos. Ele é um apaixonado pela Zona Norte, sendo ativo colaborador há muitos anos do DiárioZonaNorte — escreve às 3as.feiras.
Com olhar de ativista social, preocupado com a melhor qualidade de vida de todos os moradores, sem distinção, já teve participações em muitas audiências públicas. Por outro lado, foi membro em gestões do Conselho Comunitário de Segurança-CONSEG de Vila Maria, além da presidência da Associação dos Amigos do Parque Vila Guilherme-Trote (PVGT).
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