SESC
por Beto Freire (*) — Artigo n. 12– < Cidadania >
Quem é morador das Vilas sabe o quanto é complicado levar a família para umas poucas horas de lazer, as opções praticamente são inexistentes. E quando temos algum evento ou opção aos finais de semana tem custo elevadíssimo! Impossível passear com a criançada nas Vilas sem gastar uma quantia razoável de dinheiro, lazer por aqui custa os olhos da cara… Por que então ainda não temos a unidade do SESC — Serviço Social do Comércio com as atividades do Centro de Cultura e Lazer? Todos sabem que as unidades reúnem teatro/cinema, quadras esportivas, academia de ginástica, piscina, áreas de lazer, lanchonete, restaurante, oficinas e outros serviços – até consultório dentário.
Acompanhei no DiárioZonaNorte a reportagem “em primeira mão” que o bairro da Casa Verde acaba de ser contemplada no local do centro administrativo da Riachuelo. E a segunda unidade na Zona Norte, já que Santana/Jardim São Paulo há 18 anos desfruta dos bons serviços da unidade instalada na Av. Luiz Dumont Villares. E, do outro lado da Zona Norte, nos distritos de Vila Maria / Vila Guilherme / Vila Medeiros nada tem de SESC e, muito menos, qualquer unidade no porte. O que acontece que somos esquecidos em tudo? Lembramos que devemos ter mais de 350 mil moradores nos três distritos das Vilas, com seus bairros. O povo precisa reagir!
Lugar há na região
Não é por falta de um grande espaço em local de fácil acesso, bem localizado. Temos um espaço para abrigar um SESC que inclusive seria modelo para o país, nada mais e nada menos do que Mart Center na Vila Guilherme, estrategicamente ao lado dos 170 mil metros quadrados do Parque da Vila Guilherme-Trote (PVGT) — sendo 80 mil metros de área construída e 90 mil metros de circulação/estacionamento. Um complexo inaugurado em 1988 (há 35 anos), que foi centro de compras por atacado e varejo de confecções/moda, que funcionou por 12 anos através de compradores que vinham de todo o país — uma espécie de ˜feirinha da madrugada” da época.
E não foi para a frente, encerrando suas atividades há 23 anos (ano 2000) ficando sem rumo com vários pavilhões e um estacionamento para mais de 4 mil vagas, além de lojas em corredores no estilo de shopping e outras áreas em um terreno de 71 mil metros quadrados. Do outro lado da entrada da Rua Chico Pontes e da lateral da Av. Guilherme, junto à Rua São Quirino, surge um prédio com arquitetura moderna de 10 andares, que foi construído para servir de hotel para os compradores do MartCenter, que poderiam contar o “pernoite”.
Com isto, a vinda de um SESC para as Vilas não carrega dificuldades na construção de suas instalações, já que poderão ser adaptadas com reformas e acertos arquitetônicos – como já aconteceu neste sentido no passado com o Sesc Pompeia (inaugurado em 1982 – há 41 anos – ex-fábricas da Ibesa e Gelomatic), o do SESC Belenzinho (de 1988 – há 25 anos – ex-fábrica da Santista Têxtil ), o SESC 24 de Maio (de 2017 – 6 anos – ex-prédio Mesbla) e certamente acontecerá com o ex-prédio da Riachuelo no SESC Casa Verde.
O que oferece o MartCenter
Seis pavilhões — de um total de 14 — do MartCenter chegaram a receber algumas edições do Festival de Cultura Popular Paulista — o famoso Revelando São Paulo, da Abaçai Cultura e Arte, que movimentou mais de 2 milhões de pessoas. Houve até um projeto da própria Abaçai, entregue ao Governo de São Paulo, para gerir o estilo de uma Fundação Cassiano Ricardo (que ocupou o terreno da Fábrica de Cobertores Parahyba, do ex-senador Severo Gomes) , de São José dos Campos, no local. Mas, de modo geral, o local teve algumas outras tentativas infrutíferas de aproveitamento. Virou até estacionamento de caminhões, depois aproveitado como Terminal de Ônibus de uma empresa, fora o aluguel para eventos e shows para jovens.
O espaço do MartCenter faz divisa com o Parque Vila Guilherme-Trote (PVGT) — uma área verde de mais de 120 mil metros quadrados e que foi inaugurado há 16 anos —, que precisa de muito apoio e ajuda até na manutenção. E o SESC poderá trocar atividades com o PVGT e, ao mesmo tempo, dar mais valorização às ações do meio ambiente e de lazer.
O MartCenter tem uma certa infraestrutura pronta, mas com muito espaço sobrando para implantação de piscinas, brinquedos, biblioteca, teatro, restaurante e diversas outras atividades do SESC para toda família, abrindo espaço para atividades culturais, esportivas e sociais. É quase certo que poderá se tornar o maior e melhor equipamento administrado pelo SESC.
O local está esquecido no tempo
Hoje, o espaço está ocioso e com sinais de abandono, embaixo de Sol e chuva há anos, sem utilidade efetiva e pública — criando até sérios problemas no entorno para os moradores. Passa seus dias com entrada e saída de caminhões em um estacionamento particular. Comenta-se junto aos moradores que o local está irregular e metido em dívidas com o poder público, o que pode até facilitar o encaminhamento para um acerto entre os poderes municipal, estadual e até federal, com o uso de aproveitamento inteligentemente útil. Assim, a direção do SESC poderá ter o apoio dos governos, além de buscar o apoio e a participação das muitas empresas da região.
Encostado ao MartCenter, um prédio com uma arquitetura diferente e chamativa, já com a pintura de um azul desbotado mostrando-se abandonado, sem utilidade. Dentro, nos 12 andares — e outro menor, com 6 andares. Eles fariam parte do Hotel MartCenter Blue Tree Plaza, que não findou e há muitos anos não tem nenhuma utilidade. Mas os moradores reivindicam para receber equipamento útil para a saúde pública.
Com isto, o prédio abandonado e perdido do controle da Prefeitura de São Paulo, caso não seja encampado no projeto do SESC Vila Guilherme, serviria a necessidade de um hospital público para atender inclusive os distritos vizinhos do Brás e Pari. Além de beneficiar Maria/Guilherme/Medeiros – com índice bem elevado de idosos –, que tem sofrido bastante com a falta de estrutura hospitalar para cirurgias, exames e tratamentos mais especializados.
Essa integração necessária entre lazer, esportes, cultura e social nas mãos do SESC, beneficiando principalmente áreas como a Vila Medeiros, que é muito carente e nem mesmo possuí áreas verdes. Na sequência, encontramos a Vila Sabrina e Parque Novo Mundo com raríssimas áreas públicas para desfrute da população.
Um SESC é mais que merecido para todos nós!
E porquê ? Porque não somos o filho bastardo dos poderes públicos, lembrados apenas na confecção de boletos e carnês de impostos. Somos um lugar com muita história, maravilhoso, com o passado de imigrantes e migrantes trabalhadores, fruto de todo esse trabalho somos os distritos mais eficientes para geração e arrecadação de impostos.
Leia ou releia a reportagem: “ Imóvel onde funcionava a Riachuelo, na Casa Verde, será transformado em SESC “(27/01/2023) — clique aqui
Leia ou releia também o artigo de Beto Freire: “Vila Maria aos 106 anos pede socorro por causa da falta de “olhar do poder público” – (15/01/2023) – clique aqui
(*) Beto Freire — Antonio Roberto Freire é o nome oficial, com batismo de família genuinamente portuguesa, nascido e criado na Zona Norte, nas bandas da Vila Guilherme e Vila Maria. Cronista das Vilas, é torcedor apaixonado pela Portuguesa de Desportos. Ele é um apaixonado pela Zona Norte, sendo ativo colaborador há muitos anos do DiárioZonaNorte — escreve às 3as.feiras.
Com olhar de ativista social, preocupado com a melhor qualidade de vida de todos os moradores, sem distinção, já teve participações em muitas audiências públicas. Por outro lado, foi membro em gestões do Conselho Comunitário de Segurança-CONSEG de Vila Maria, além da presidência da Associação dos Amigos do Parque Vila Guilherme-Trote (PVGT).
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