magal
<< Crítica/Cinema >> === por Aguinaldo Gabarrão (*)
Cada década têm os seus ídolos. Nas artes e, em especial, na música, o Brasil conheceu nos anos 70 um cantor alto, bonito, com gestos teatrais marcantes, farta cabeleira, voz potente e olhar de “eu te pego”. Seu nome: Sidney Magal, o latin lover, motivo de gritos amalucados de suas fãs e inveja dos marmanjos.
O dono dessa descrição era o jovem Sidney Magalhães, que no documentário “Me Chama que Eu Vou”, abre a sua casa e o seu coração para contar os bastidores e “causos” de uma carreira de altos e baixos, porém, sem jamais perder a ternura e o bom humor. Aliás, Magalhães transpira empatia o tempo todo, sem forçar a barra. Ele se apresenta de peito aberto.
Um dos pontos mais importantes do documentário é quando Magalhães revela a influência decisiva de sua mãe, Sonia, ao estimular o adolescente a buscar o seu caminho, cantando nas boates e participando de programas de TV.
A construção do ídolo
O jovem Sidney Magalhães, ao contrário do que se possa pensar, construiu sua carreira com muito trabalho, estudando dança, viajando dois anos com shows pela Europa, aperfeiçoando sua voz, expressividade corporal e gestual até chegar à sua conhecida persona Sidney Magal.
E com naturalidade, Magalhães comenta a sua relação tranquila com a indústria fonográfica e seus empresários, afirmando que, se estes usaram a sua imagem à título de obter lucro, ele também soube se beneficiar disso.
Mesmo quando sua carreira começa a declinar – no início dos anos 80 – o bom humor e alto astral no documentário permanecem intactos.
Me Chama que Eu Vou
A direção do documentário leva a assinatura de Joana Mariani. Ela divide o roteiro com Eduardo Gripa — que ganhou prêmio de Montagem em Gramado –, na escolha do farto material, em mais de 50 anos de carreira do veterano. Sempre num tom alegre, quase festivo, Mariani conduz a narrativa ágil e explora a figura absolutamente empática de Sidney Magalhães.
E os depoimentos do filho Rodrigo e da esposa Magali West dão as pistas do quanto o cantor teve na família o seu porto seguro, tantos nos momentos de glória quanto no período de recolhimento, na espera de um momento para ressurgir.
E o artista volta a brilhar quando é convidado para cantar a música “Me chama que eu vou”, no ritmo de lambada, tema da novela “A Rainha da Sucata” (1990). Esse ressurgimento artístico não mais tiraria Sidney Magalhães ou Magal, dos holofotes e câmeras, sendo requisitado para filmes, programas de tv, novelas e teatro. É a prova de que um artista sempre pode reinventar-se e agradar outros públicos, sem perder a essência que o revelou.
Serviço
ME CHAMA QUE EU VOU
- Gênero: Documentário – Biografia
- País: Brasil
- Classificação: 10 anos
- Duração: 1 hora e 10 minutos
- Ano: 2020
Ficha técnica
Elenco: Sidney Magal, Magali West, Rodrigo West / Diretora: Joana Mariani / Roteirista: Joana Mariani e Eduardo Gripa / Direção de Fotografia: Anderson Capuano / Direção de Arte: Marina Quintanilha / Trilha Musical: Sidney Magal e Caique Vandera / Montagem: Eduardo Gripa / Desenho de Som: Rodrigo Ferrante / Produção: Diane Maia / Produtoras: Mar Filmes em parceria com a Globo News, Globo Filmes, Canal Brasil e Mistika / Produção Executiva: Diane Maia, Morena Koti / Distribuidora: Vitrine Filmes / Divulgação: Sinny Assessoria e Comunicação.
Aguinaldo Gabarrão – ator e consultor de treinamento corporativo. Um eterno colaborador do DiárioZonaNorte.
Comentários e sugestões: [email protected]
Nota da Redação: O artigo acima é totalmente da responsabilidade do autor, com suas críticas e opiniões, que podem não ser da concordância do jornal e de seus diretores.