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Nordeste
da Redação DiárioZonaNorte
No final da década de 1970 o Vale do São Francisco – região composta por 503 municípios entre Bahia e Pernambuco, recebeu os primeiros investimentos em viticultura. Características como a altitude de 400 metros, clima semi-árido, solo ricos em minerais e pobres de matéria orgânica, 3.100 horas de sol ao ano e ausência de inverno e irrigação controlada com a água do Rio São Francisco, torna esse lugar único para a viticultura.
Ao contrário da região sul do Brasil, onde ocorre uma única vindima (colheita) entre os meses de fevereiro e março, o Vale do São Francisco tem entre duas e três colheitas por ano, da mesma videira e cada uma destas colheitas, com frutas de características variáveis. Em 2021 na região foram produzidos aproximadamente 7,5 milhões litros de vinhos finos elaborados a partir de castas aclimatadas, 10 milhões de litros de vinhos de mesa, além de suco e uvas in natura que abastecem o mercado interno e externo.
Paralelo 8 Sul
Na cidade de Lagoa Grande, no lado pernambucano do Vale do São Francisco, no Paralelo 8 Sul, próximo à Linha do Equador, está a Vinícola Rio Sol – pertencente a Global Wines – com sede no Dão, em Portugal. A marca carrega nos rótulos que estampam as garrafas uma homenagem ao São Francisco, ao Sol e a localização no Paralelo 8.
Ali, o enólogo Ricardo Henriques assina vinhos e espumantes de qualidade superior, que unem as características únicas das vinhas portuguesas ao clima semiárido do Vale do São Francisco.
No total são 23 vinhos, com destaque para o Espumante Brut Rosé, que já conquistou medalha de ouro em 2019 na premiação Concurso Vinhos e Destilados no Brasil. O Vinho Tinto Rio Sol Premium também recebeu medalha de ouro em 2017, no Concurso Mundial de Bruxelas.
Para divulgar o trabalho desenvolvido por ela, a Rio Sol participou da ProWine São Paulo – a principal feira profissional do setor de vinhos e destilados da América Latina – voltada ao segmento B2B, que acontece na cidade de São Paulo entre os dias 27 e 29 de setembro de 2022.
Vinho do novo mundo com toque das castas portuguesas
A vinícola possui 120 hectares de área plantada, onde são produzidos, anualmente, cerca de 3 milhões de quilos de uvas, através do processo de irrigação por gotejamento. Entre as espécies plantadas estão uvas tintas como Cabernet Sauvignon, Syrah, Aragonês, Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Tempranillo e Merlot, além das brancas Chenin Blanc, Viognier e Moscatel.
Na mesma área da fazenda está instalada a indústria da Rio Sol, onde toda a linha de produtos da empresa é produzida e engarrafada. Aproximadamente 3 milhões de garrafas entre vinhos e espumantes.
A empresa conta com modernos tanques com controle de temperatura e pressão, sala de barricas para estágio dos vinhos em barris de carvalho francês e uma linha de engarrafamento e rotulagem que utiliza tecnologia importada, semelhante à utilizada nas outras vinícolas da Global Wines na Europa.
A Rio Sol tem ainda, certificações de qualidade na ISO 9001 e IFS FOOD MARKETS, que atestam rigorosos controles de qualidade de produção de uvas e elaboração dos vinhos e espumantes.
Indicação de Procedência do Vale do São Francisco
A região já está com sua Indicação de Procedência (IP) em fase final de aprovação junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e já conta com uma associação de produtores, o Instituto do Vinho do Vale do São Francisco (VINHOVASF).
A Indicação de Procedência do Vale do São Francisco tem o modelo estrutural similar às Indicações Geográficas adotadas pelos produtores da União Europeia e é exclusiva para a produção de vinhos tranquilos brancos, rosés ou tintos e espumantes brancos ou rosés que podem ser bruts, demi-secs ou moscatéis. A uva para a produção do vinho tem que ser 100% proveniente da região delimitada e são autorizadas 23 castas diferentes.
Por meio de uma parceria entre a Embrapa Uva e Vinho do Rio Grande do Sul com a Embrapa Semiárido, o trabalho de caracterização da região – necessário para enquadrar o cultivo e produção de vinho como uma IG – envolveu mais de quarenta profissionais entre pesquisadores, professores, técnicos e estudantes. Eles trabalharam em conjunto para entender o funcionamento da vitivinicultura na região tropical e no aprimoramento da produção e qualidade dos vinhos.
<com apoio de informações: Notícia Expressa – jornalistas Renato Lopes e Miriam Lago>
