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“Amor Força abstrata…”

Tempo de Leitura: 4 minutos

 

por Toninho Macedo (*) – Reflexões – 12

Diante do descaso pela vida e verdadeira exaltação da violência, sobrevive ao tempo, o discurso do amor. E, uma fração do mesmo, dos “discursos amorosos”, compartilho aqui.

O amor e a compaixão são necessidades, não luxos.
Sem eles a Humanidade não pode sobreviver.“
<   Dalai Lama >

“Deus é amor: quem permanece no amor, permanece em Deus, e Deus permanece nele. Nisto se realiza plenamente o seu amor para conosco… No amor não há medo. Ao contrário: o perfeito amor lança fora o medo, pois o medo implica castigo. E aquele que tem medo, não chegou à perfeição do amor. Nós amamos porque Ele nos amou primeiro.”
<    Jesus em Jo 4,16 >

E, já entrantes no mês de agosto, e diante do panorama interno que se apresenta, impossível não relembrar o carisma de Luther King, perpetuado na história.

Em 28 de Agosto de 1963, o pastor e ativista político Martin Luther King, liderando organizações religiosas, sindicatos e movimentos populares, convocou um ato que “congregou” mais de 250 mil pessoas reunidas naquela que ficou conhecida como “Marcha sobre Washington”.

Na ocasião o pastor, na escadaria do Palácio da Justiça Americana, declarou, com humildade: “Estou contente de me reunir hoje com vocês nesta que será conhecida como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação.”

Em um contexto de violência racial, pronunciou inspirado discurso, que se imortalizou como “Eu Tenho um Sonho“, no qual falava da necessidade de união e conclamava a coexistência harmoniosa entre negros e brancos.

Eu tenho um sonho de que um dia, lá no Alabama, com o seu racismo vicioso, com o seu governador de cujos lábios gotejam as palavras ‘intervenção’ e ‘anulação’, um dia, bem no meio do Alabama, meninas e meninos negros darão as mãos a meninas e meninos brancos, como irmãs e irmãos. Hoje, eu tenho um sonho.”

Chamando atenção para o conteúdo da Constituição Americana na qual estão garantidos a todos, negros e brancos, indistintamente, os direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à busca da felicidade, conclamando todos a abandonar … “o vale sombrio e desolado da segregação pelo caminho ensolarado da justiça racial. Agora é hora de conduzir a nossa nação da areia movediça da injustiça racial para a sólida rocha da fraternidade. Agora é hora de tornar a justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.”

E pontifica:
Seria fatal para a nação ignorar a urgência do momento.” _

E faz um alerta:
“Não podemos permitir que o nosso protesto degenere em violência física. Vezes sem fim, devemos nos elevar às majestosas alturas para confrontar a força física com a força da alma.”

E, lembrando a todos que a mesa da fraternidade que deve se consolidar como um oásis de liberdade e justiça, cônscio de seu “munus” de, verdadeiro líder religioso, anuncia em tom profético/utópico:

Eu tenho um sonho de que um dia todo vale será alteado e toda colina, abaixada; que o áspero será plano e o torto, direito; que se revelará a glória do Senhor e, juntas, todas as criaturas a apreciarão. Esta é a nossa esperança, é esta a fé que levarei comigo ao voltar para o Sul. Com esta fé, poderemos extrair da montanha do desespero uma rocha de esperança (sim). Com esta fé, poderemos transformar os clamores dissonantes da nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade”.

Com esta fé, poderemos partilhar o trabalho, partilhar a oração, partilhar a luta, partilhar a prisão e partilhar o nosso anseio por liberdade, conscientes de que um dia seremos livres. E esse será o dia, em que todos os filhos de Deus poderão cantar com um renovado sentido:O meu país eu canto. Doce terra da liberdade, a ti eu canto.” _

*

E quando acontecer, quando ressoar a liberdade, quando a liberdade ressoar em cada vila e em cada lugarejo, em cada estado e cada cidade, anteciparemos o dia em que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, juntarão as mãos e cantarão as palavras da velha canção dos negros: Livres afinal! Livres afinal!”

E retorno, para finalizar, à figura emblemática de Gandhi

_”A não-violência e a covardia não combinam. Posso imaginar um homem armado até os dentes que no fundo é um covarde. A posse de armas insinua um elemento de medo, se não mesmo de covardia. Mas a verdadeira não-violência é uma impossibilidade sem a posse de um destemor inflexível.”


(*) Toninho Macedo — Por trás do conhecido Toninho Macedo, há o cidadão Antonio Teixeira de Macedo Neto, que conduziu grandes festivais de cultura e de folclore culminando no maior Festival de Cultura Paulista Tradicional, o “Revelando São Paulo – criado em 1996 –, por seis edições memoráveis na Zona Norte (Vila Guilherme, em 2010 a 2014 e 2017/2018), além do interior e litoral.

Nele há também muita experiência e inteligência, que vem da graduação em Licenciatura Plenas em Letras Neo-Latinas (1972) e doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo-USP (2004). Atualmente é diretor cultural e artístico da Abaçai Cultura e Arte, além de gerir Museu da Inclusão e aFazenda São Bernardo, fundada em 1881 em Rafard (interior de São Paulo), onde Tarsila do Amaral nasceu e passou a infância — saiba mais clicando aqui


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