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por Rafic Ayoub (*)
<< Crônica 10 >> === Sou de uma geração que deu a cara para bater em todas as partes do mundo, como nos famosos Maio de 68, em Paris, nos movimentos hippies de São Francisco, nos célebres festivais de Woodstock e Altamont, na Califórnia; dos Panteras Negras, de Ângela Davis e StoClay Carmichael em Nova York, e nos protestos estudantis durante os chamados “anos de chumbo”, no Brasil.
Naqueles loucos e românticos anos das décadas de 60 e 70, penso eu, concentraram-se as principais revoluções que abriram corações e mentes, nos aspectos político, econômico, social e, principalmente, cultural.
Nessas épocas, nós estudantes, competíamos saudavelmente discutindo, comparando e ampliando o conhecimento através dos ricos, diversos e intensos debates envolvendo autores e obras de arte, cinema, teatro e literatura, além, naturalmente, do futebol, aquele onde as torcidas rivais assistiam juntas e civilizadamente os confrontos de seus respectivos times e os jogadores que, além de atletas, eram também torcedores de suas equipes e jamais vestiam outra camisa como ocorre de forma mercenária e sem paixões nos dias de hoje.
Considero dispensável e redundante falar das obras e importâncias dos Beatles, Rolling Stones, Jimmy Hendrix e Janis Joplin, Andy Warhol, Salvador Dali, Helio Oticica, Bette Friedman, Trufaut, Hitchkok, Bunuel, Bergman, Federico Fellini, Luchino Visconti, Orson Welles, Samuel Becket, Jean Paul Sartre, George Orwell, Ernest Hemingway, Pablo Neruda, Carlos Castanheda, Jorge Luis Borges, Gabriel Garcia Marques, e dezenas de outros mais. Até por que, à exceção de uns e outros, grande parte já deixou esse plano de existência, deixando cada qual o seu precioso legado.
Porém, existe hoje um dos únicos ícones que considero universal e, estranhamente, pouco reconhecido e louvado pela sua onipresença e múltiplos significados nos aspectos social, econômico, político e cultural desde a década de 60 até e, principalmente, nos dias de hoje.
Esse ícone, por sí só, merece um tratado sociológico tamanha a sua significância e versatilidade.
Eu me refiro à calça JEANS!
Poucas referências resistiram e resistem até hoje ao envelhecimento, esquecimento e/ou desaparecimento puro e simples como ela!
Símbolo permanente de gerações, a calça Jeans revela-se como a maior referência e expressão universal do conceito de democracia. Raros eventos, leis, decretos, revoluções ou movimentos sociais conseguiram padronizar, socializar e, ao mesmo tempo, distinguir e identificar indivíduos, grupos, segmentos e/ou tribos, como ela!
Em meio à profusão de marcas e estilos e das ditaduras cíclicas da moda, homens, mulheres e crianças desfilam rotineiramente sua elegância pelas ruas e palcos do mundo trajando uma confortável nova, velha ou até mesmo surrada e rasgada calça Jeans! Dentro delas, todos os homens ficam elegantes e todas as mulheres parecem gostosas!
Mais Universal do que isso, impossível!
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(*) Rafic Ayoub, jornalista pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero e pós-graduação em Mídia, Política e Sociedade pela FESPSP – Faculdade Escola de Sociologia Política de São Paulo, é também poeta, dramaturgo e autor do recém-lançado livro “ Miserere Nobis – Crônicas do Cotidiano”. Atualmente é consultor especializado em Comunicação Corporativa Integrada.
Nota da Redação: O artigo acima é totalmente da responsabilidade do autor, com suas críticas e opiniões, que podem não ser da concordância do jornal e de seus diretores.
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