Conseg Vila Guilherme
da Redação DiárioZonaNorte
- A próxima reunião será em 16 de março na Associação Comercial de Santana
- As reuniões sempre acontecem na terceira 4ª feira do mês, às 19 horas
Na esperança e tentativa de resolver os vários e intermináveis problemas dos bairros, cerca de 60 pessoas subiram, na 4ª feira passada (16/02/2022), os dois lances com os 40 degraus da escada de ferro do Colégio Amorim-Santa Teresa da Rua Lagoa Panema, junto ao auditório, para participar da primeira reunião deste ano do Conselho Comunitário de Segurança-CONSEG da Vila Guilherme/Jardim São Paulo – que agrega também os bairros de Izolina Mazzei, Carandiru e Santana – compreendendo até o Terminal Rodoviário do Tietê.
Uma incógnita de problemas nas demandas de moradores em áreas ultimamente renegadas às zeladorias de duas subprefeituras da Zona Norte-Nordeste. Esta divisão de setores dos distritos é diferente da programada pela Prefeitura de São Paulo, mas pela divisão territorial das companhias dos batalhões da Policia Militar junto com os Distritos Policiais, que acabam envolvendo duas subprefeituras.
Antes de galgar os degraus da escada, justamente no horário das 19 horas, o público chegou com atraso, pois teve que enfrentar um congestionamento de carros com os pais em busca dos filhos no portão de saída do colégio. Já o término da reunião chegou — rigorosamente às 20h59, “sem choro e nem vela”.
O início da reunião
19h35 e, de praxe, o presidente do CONSEG, Rubens Lopes, fez a chamada das “autoridades” para compor a mesa da reunião, abrindo com os dois membros-natos na representação da 4ª Companhia do 5º Batalhão da Policia Militar, o Tenente Elias Domingos Gomes – substituindo provisoriamente o Comandante Capitão James Carlos; e o Delegado Titular do 9º Distrito Policial, Dr. Antonio Salles Lambert Neto, que também foi representado pelo Delegado-assistente Dr. Octacílio de Oliveira Andrade Júnior.
Ao lado dos membros natos e do Subprefeito Roberto de Godoi Carneiro, de V.Maria/V.Guilherme/V.Medeiros – e, mais tarde, com a presença do novo Subprefeito de Santana/Tucuruvi/Mandaqui, João Neto -, os demais representantes: Guarda Civil Metropolitana, Sabesp, SP Trans, Conselho Tutelar e da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) – além de uma representante da Subprefeitura Santana/Tucuruvi/Mandaqui, que tinha sido previamente deslocada para substituição do subprefeito.
Houve a troca do único microfone passando de mão em mão em todos os participantes para o “boa noite” e “estou à disposição” – que durante o restante da reunião quase nada mais pronunciaram.
As demandas acumuladas e as presenciais
O diretor social e ex-presidente do CONSEG, José Maria Rocha, passou o tempo todo organizando a papelada com as devolutivas das últimas reuniões.
Ele informou que foram recebidas 16 devolutivas com as providências realizadas pelas autoridades e que elas podem ser verificadas pela internet no processo oficial eletrônico – mas não explicou o link de como isto pode ser feito.
Nestas devolutivas foram verificados iluminação pública em ruas, poda de árvores, perturbação de sossego, pontos de afundamento em locais, recapeando de vias, reposição de tampas de galerias, fiscalização de bares e até falta de remédios nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Enquanto algumas demandas estavam sendo preenchidas na plateia – e outras podem ser feitas em casa -, o microfone foi aberto para os moradores. Logo no início, um morador reclamou dos pedidos feito pelo telefone de serviços da Prefeitura de São Paulo, através do 156, alegando que acusa que o serviço foi realizado e que isto não acontece. “Eu ando pelas ruas e vejo muita sujeira, muitos buracos, muito mato… tem muita coisa errada”, argumentou.
Ele disse que está cansado de ligar para o 156 e não vê os problemas resolvidos. “Eu não vou ligar mais. Eu já sei com quem falar e vou direto. Pois ninguém resolve nada! E fica a palhaçada de que já resolveu e não está”, acrescentou. Esse morador disse que a Vila Guilherme “está bem pior” do que a Vila Maria e mandou um recado: “Façam as coisas certas. Trabalhem, levantem da cadeira e vão para as ruas. Eu não vou aceitar mais isto!”.
A vez do subprefeito de Santana/Tucuruvi/Mandaqui
Logo após, com a reunião já com quase meia hora em andamento, é registrada a chegada do novo subprefeito de Santana/Tucuruvi/Mandaqui, João Evangelista dos Santos Neto – que usa o nome de João Neto.
Anteriormente, ele exercia o cargo de Chefe de Gabinete da vereadora Ely Teruel e foi nomeado para o novo cargo em 29/01/2022 – há quase três semanas. Apesar de já ter uma representante da mesma subprefeitura, sentada à mesa, o subprefeito ocupou uma cadeira ao lado do subprefeito de Vila Maria/Vila Guilherme/Vila Medeiros, Roberto de Godoi Carneiro.
Uma moradora do Jardim São Paulo reclama das raízes de várias árvores centenárias remanescentes da mata atlântica, que invadem e quebram as calçadas dificultando aos pedestres, região do novo subprefeito João Neto.
Aproveitando, o presidente do CONSEG deu a palavra para Neto se apresentar. Não deu outra, o subprefeito pega o microfone, se posiciona em pé e discursou sem parar por mais de 15 minutos, monopolizando o tempo da reunião.
João Neto fez referências aos seus 25 anos na administração pública e pela “missão divina” para dirigir uma região de 350 mil habitantes. E fez justificativas sobre sua capacidade administrativa por causa dos comentários que o classificam como “o João veio lá da Zona Sul” – já que “nasceu e mora na Zona Sul” e tem o bairro “como o quintal de sua casa”. Afirmativas feitas por ele, em entrevista exclusiva ao DiárioZonaNorte (“Novo subprefeito de Santana/Tucuruvi/Mandaqui afirma que tem experiência” – clique aqui).
João Neto rebateu as críticas de moradores da região, que vivem com a troca frequente de subprefeitos, e pedem que o administrador da região seja do “cotidiano como morador”, que inclusive circula um abaixo-assinado com esse propósito. << Nota da Redação: mais detalhes – “Abaixo-assinado de moradores da Zona Norte não quer subprefeito de Santana” — clique aqui >>.
Mesmo assim, o subprefeito disse “eu me sinto acolhido pela população de Santana/Tucuruvi/Mandaqui” e deu várias justificativas para “um bom administrador, um gestor”.
E fêz a entender que “que está aqui desgastando a saúde porque ninguém sabe o que é acordar às 7 horas da manhã todos os dias à frente de uma administração pública e sair à meia noite”. Alegou que não tem tempo nem para a família e que sobra somente o sábado e domingo – mesmo assim, ele precisa apoiar as comitivas do prefeito Ricardo Nunes, nos finais de semana.
E acrescentou que “as pessoas só cobram e que, às vezes, são opiniões injustas e que não agregam nada”. Mas disse que quer ter um trabalho positivo e que a subprefeitura está “de portas abertas” e ele mesmo poderá atender os munícipes. << Nota da Redação: durante a fala do subprefeito, um morador visivelmente impaciente pela demora do subprefeito em largar o microfone, comentou em um tom audível com outro morador, na plateia, que hoje o salário de subprefeito é de R$26,5 mil mensais e o Chefe de Gabinete está com R$21,2 mil/mensais>>
Sobre a demanda da moradora do Jardim São Paulo, finalizou o caso das raízes das árvores centenárias prometendo, “vamos estudar o caso e cuidar dentro das possibilidades”.
Humanização e volta o serviço 156
Retomando o microfone ao presidente do CONSEG, Rubens Lopes, pediu desculpas pelo tempo excessivo do subprefeito, mas que “ele precisava deste desabafo” e abriu comentários sobre o que chamou de humanização, com críticas aos comentários abertos nas midias sociais, sem razões aparentes. “Temos que conhecer o trabalho nos locais da subprefeitura, da Policia Militar, da Sabesp… pois não adianta reclamar sem conhecimento”. Rubens faz comentários também sobre o serviço 156 da Prefeitura, que dá um pedido concluído sem ter sido realizado.
Já o subprefeito Roberto de Godoi Carneiro, de Vila Maria/Vila Guilherme, aproveitou a deixa para informar que o atendimento presencial dos moradores, através do “Canal Aberto – Fale com o Subprefeito”, passa a ser realizado às 4as. feiras, das 10 às 13 hs, e não mais às 6a.feiras.
Acrescentou também as dificuldades para atender pedidos, já que é uma responsabilidade muito grande do subprefeito para andar “no rigor da lei e atender a população”. Segundo ele, “muitas vezes está fora de contrato, do escopo legal”. E quanto aos problemas relatados ao 156, pediu para enviar os casos para tentar solucioná-los. E encerrou falando de providências com os moradores de rua.
O retorno das demandas da plateia
Um morador reclamou que o Parque Vila Maria/Parque Novo Mundo “não tem atenção da Subprefeitura”, com lixo nas ruas. Segundo ele, foi preciso que os moradores ameaçassem “espalhar todo o lixo na rua” para que a subprefeitura tomasse providências. Reclamou também da falta de segurança e de perturbação de sossego. Já para a Sp Trans a reclamação foi da linha 1206 com superlotação logo cedo, com o pessoal que sai para o trabalho, além dos problemas dos ônibus.
Pediu mais atenção da subprefeitura com as comunidades, que estão esquecidas, e não recebem a visita do subprefeito. E, por último, fez referências a um terreno público no Jardim Julieta, que foi invadido com a construção de prédios. <<Nota da Redação: assunto debatido no Conselho Participativo Municipal, que não teve retorno do subprefeito — mais detalhes: “Conselho Participativo da V. Maria / V. Guilherme reage contra o Subprefeito” – clique aqui >>
Abaixo-assinado
Depois de insistências, chegou a vez do morador e líder comunitário José Erivaldo Santos, conhecido como Zezão, do Movimento Popular da Vila Maria e Região – que também esteve na última reunião do Conselho Participativo Municipal e fêz referências aos prédios em terreno público no Jardim Julieta/Parque Novo Mundo, destinado originalmente para habitação popular. (Nota da Redação: ver reportagem do DiárioZonaNorte – clique aqui).
Desta vez, Zezão foi direto ao assunto, dizendo que a região desconhece o trabalho do subprefeito da Vila Maria/Vila Guilherme/Vila Medeiros. Ele lembrou o trabalho do subprefeito anterior (sem citar o nome de Dário José Barreto), que classificou de “superprefeito”, que agia rapidamente para os problemas da região, acrescentando “hoje temos a falta de zeladoria”.
Na continuidade, Zezão referiu-se a um abaixo-assinado para a retirada do subprefeito, “que não nos serve”. Lembrou que para se conseguir alguma coisa, há necessidade de falar com vereadores. “Se não tirar o subprefeito de Vila Maria/Vila Guilherme, faremos uma campanha para não votar no Podemos“, concluiu a fala.
Mudanças na saúde
Em seguida, o conselheiro da Supervisão de Saúde da Vila Maria/Vila Guilherme/Vila Medeiros, Nélson Ferreira Filho, anunciou que haverá mudanças nos equipamentos da região – até no Pronto Socorro Municipal Lauro Ribas Braga, o PS da Rua Voluntários da Pátria, em Santana. Serão mudanças provisórias em postos de saúde para melhorias e adequações de obras.
De acordo com Ferreira, é um projeto que foi desenvolvimento durante vários anos e que não teve participação de políticos ou emendas parlamentares e sim recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
A perspectiva é que trará muitos benefícios à região. Mas advertiu para a população não se preocupar, “já que ninguém deixará de ser atendido, neste período”. <<Nota da Redação: o DiárioZonaNorte prepara matéria especial com todos os detalhes deste assunto >>
O final da reunião
Chegando próximo do final da reunião, o morador Alexandre Nalin, do Jardim São Paulo, reclama de uma unidade do Centro de Atenção Psicossocial (CAPs) para jovens usuários de álcool e drogas, que está instalado na região criando uma série de problemas de segurança. “Está triste a situação com uma onda muito grande de roubos e furtos”, com menores reunindo-se em uma praça para usar entorpecentes. Segundo o morador, um vizinho que mora há 30 anos no local quer vender a casa e ir embora.
Quase 21 horas, horário limite da reunião, e antes do “Boa noite” e “Fiquem com Deus”, uma diretora do CONSEG V.Guilherme/Jd. São Paulo pegou o microfone para “agradecer o subprefeito que acabou de chegar!”, que já no dia seguinte viu as demandas da região. “Ele mandou cortar o mato do Mirante do Jardim São Paulo, onde até comemorei meu aniversário”, acrescentou. Já com um tapa-buraco mal feito, perto da Rua Voluntários da Pátria, “o João assim que chegou já foi identificar ” – e junto com a vereadora Ely – deu atendimento e o lugar ficou muito bom, “com asfalto novo, quero agradecer muito o João”.
Comentários pós-reunião
Ricardo Lemos, um morador da Vila Guilherme e assíduo frequentador das reuniões do CONSEG, em vários gestões por anos, desabafou no grupo de WhatsApp, no mesmo dia, às 22h03 (Nota da Redação: reproduzimos aqui, com autorização do autor): ” Boa noite a todos, esta noite estive na reunião do Conseg Vila Guilherme a qual foi toda tomada pela fala de uma única pessoa o Sub Prefeitura do Tucuruvi, que matou todo horário da reunião não deixando espaço para serem feitas perguntas ao Sub Prefeito de Vila Guilherme. Nem deixando tempo para que o mesmo falasse sobre os muitos problemas que tem na nossa região, como falta de zeladoria na parte de baixo da Vila Guilherme… como falta de capinação embaixo da linha de alta tensão… limpeza nos canteiros da Joaquina Ramalho… muitos moradores de rua também… falta de gradil na ciclovia até a ponte … falta de pintura de ciclofaixa atrás do ExpoCenter, onde hoje é o Mercado Livre… como está a situação da Rodoviária Buser com gente embarcando e desembarcando na Chico Pontes etc etc. … Todas as reuniões tem sido assim uma minoria fala e ninguém mais consegue falar. Lamentável”.
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