da Redação DiárioZonaNorte
Uma praça também carrega suas histórias, tem começo e fim. Outras duram para sempre e algumas se transformam. No final da Avenida Cruzeiro do Sul tem a praça que já passou por três transformações, resistiu ao tempo e agora será reinaugurada buscando um final feliz e duradouro.
No esquecimento e na escuridão, até recentemente ficou no convívio de moradores de rua e de gente ligada à dependência química. Mas, no fundo, a praça tem uma história bonita e a sua razão de ser.
Os nomes e a localização
Os quase quatro quilômetros da Avenida Cruzeiro do Sul contam inúmeras estórias dentro das histórias do tempo. No final da avenida, bem próximo ao Terminal de Metrô de Santana, junto ao movimentado e tradicional comércio da Voluntários da Pátria, surgiu a Praça dos Maçons — entre as ruas Conselheiro Saraiva e Dr. Olavo Egydio.
Algum tempo após foi substituída em homenagem a Margarida de Albuquerque Gimenez, uma esforçada moradora de quatro filhos nascidos na Zona Norte, casada com o Tenente Francisco Gimenez Confort, onde trabalhou no Hospital da Aeronáutica e se conheceram.
E, além de dona de casa, realizou atividades filantrópicas ajudando moradores de rua, seguido de trabalho voluntário e social nas Casas André Luiz. Viveu até 25 de janeiro de 1999, deixando um trabalho de reconhecimento e a homenagem na lembrança da praça.
A reinauguração
Nesta 5ª feira (10/10/2019), a Praça Margarida de Albuquerque Gimenez começa um novo capítulo de sua história. Depois de dez meses é aberto ao público, com sua adoção pela Incorporadora e Construtora Peloso ( Peloso Empreendimentos Imobiliários) e conjunto com a Lopes Kalil Engenharia – que também administram o moderno prédio em frente, o Condomínio K-1 — com escritórios comerciais e brevemente a inauguração do Ristorante Lassù, panorâmico em 270 graus. (ver link da reportagem, no final).
Através de um termo de compromisso com a Subprefeitura Santana/Tucuruvi/Mandaqui, que foi assinado em 18 de dezembro de 2018 — durante a gestão da Subprefeita Rosmary Corrêa, a Delegada Rose — surge agora a nova praça revitalizada e mais moderna – dentro do programa “Adote uma Praça”.
Ela será reinaugurada e, a partir das 16 horas, acontece um evento com shows do Quarteto André Peloso -Q.A.P., com um repertório de jazz e MPB.
Em seguida, o show do grupo Biografia do Samba — formada por músicos de uma família tradicional de sambistas da Casa Verde; e fechando com apresentações musicais e do Coral com jovens do Instituto Cultural Grão de Areia, do Imirim, que abre os braços na inclusão social e cultural de crianças e adolescentes (ver perfil no final).
Durante as apresentações musicais dos convidados, os grafiteiros, representando o ” ZNLovers “ e “Sopa de Letras” farão uma arte ao vivo na praça. Às 19 horas está prevista a reinauguração com discursos e solenidade, com a presença do prefeito da cidade, Bruno Covas, e outras autoridades.
A revitalização da praça
Com o material, mão de obra e mobiliário urbano investidos na praça, o valor estimado de R$208 mil foi totalmente consumido – e até ultrapassou em gastos extras – sem ajuda de terceiros.
O local tem uma praça central com 1.471,79 metros quadrados com perímetro de 168,70 metros; e a praça lateral com 2.024,79 metros quadrados e perímetro de 219,85 metros.
O projeto teve o apoio da Traço A-Escritório de Arquitetura, Urbanismo e Decoração, comandado pelas jovens arquitetas Aline Lopes, Ariane Conde e Gabriela Peloso. “Pensamos em tudo e tivemos um trabalho inicial de pesquisa com os moradores, pedestres, trabalhadores das lojas e comerciantes para sentir as necessidades e trazer o bom e o melhor para todos”, comenta a arquiteta Gabriela Peloso.
Nesta pesquisa ficou clara a negativa de todos e a inutilidade da praça por não oferecer segurança, mal frequentada, ser escura e não oferecer nenhum atrativo. Desta forma, as arquitetas começaram a busca de mais atrativos, sendo praça útil a todos, com lazer, um local de descanso (facilitando aos empregados das dezenas de lojas no comércio local, na hora do almoço) e complementando com o cultural — apresentações especiais durante a semana e com agenda nos finais de semana.
Além de seis rampas de acessibilidade, 800 metros quadrados de piso novo com piso tátil e plantio de mudas, foram instalados bancos, mesas e novas lixeiras, ao redor de um paisagismo com plantio de forrações e plantas ornamentais — ao lado das várias árvores.
Nova iluminação
Além da funcionalidade da praça, com passagens internas, e o reposicionamento dos bancos, com o foco aberto durante o dia para melhor aproveitamento para todas as idades, havia a preocupação do período noturno com fraca iluminação.
Mas com a colaboração do Departamento de Iluminação Pública (ILUME) da Prefeitura de São Paulo, foram instalados sete novos postes e 14 lâmpadas de LED, com um posicionamento mais baixo. Antes os postes eram altos e acima das árvores, o que prejudicava a iluminação.
Na praça central, há também um ponto de ônibus — que poderá receber um abrigo pela São Paulo Transportes (SP Trans) — que será beneficiado pelos bancos e iluminação — é a linha 178A/10 – Lapa, que funciona das 04h30 até 23h20 e segue pela Av.Tiradentes até Av.Francisco Matarazzo-Rua Guaicurus. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) também colaborou com a mudança do sistema viário do entorno da praça, com nova sinalização, ilhas, semáforos e faixas de pedestres.
Os grafites e mais movimento
Na praça central há também um espaço que pode se transformar para apresentações musicais e culturais. Do outro lado, há continuidade da praça com um paredão de desenhos de grafite de artistas da região, que será mantido e tem colaborações no período de 10 anos com o pessoal do “ZNLovers” e “Sopa de Letras” — que estarão no dia da reinauguração com novos grafites.
Junto às paredes com esses grafites de movimentos anteriores, um palco maior — que agora também foi reformado — que servirá para as apresentações artísticas. Em gestões anteriores houve projetos de teatro e de vários estilos musicais nas tentativas de revitalização da praça. “Agora a ideia é ter pelo menos um evento mensal. Mas queremos abrir o espaço para o lazer de todos nos finais de semana, em rodas de conversas, de jogos, de brincadeiras de crianças e tornar um ponto de encontros”, arremata a arquiteta Ariane Conde.
E as arquitetas apostam em uma praça de grande movimento e com o apoio do comércio local — onde a Rua Voluntários da Pátria é o chamariz da Zona Norte — , tendo a participação das escolas públicas e privadas da região, inclusive com apoio da Universidade São Judas Tadeu (que fica ao lado), Universidade Anhanguera (na Av. Braz Leme) e até a UniSant´Anna (um pouco mais distante), que podem organizar eventos com apoio da Prefeitura de São Paulo. “Agora, é torcer os dedos para tudo dar certo e ter um bom retorno de uma praça para todos que moram e circulam por Santana e na Zona Norte”, é o desejo das arquitetas.
Serviço
Reinauguração da Praça Margarida de Albuquerque Gimenez – Santana
- Local: Rua Conselheiro Saraiva com Rua Olavo Egydio – em frente ao Condominio K-1
- Horário: das 16h00 às 20h00
Apresentações:
- 16h00 – Quarteto André Peloso -Q.A.P (jazz/MPB),
- 17h00 – Biografia do Samba (Samba/MPB)
- 18h00 – Apresentação musical e Coral- Jovens do Instituto Cultural Grão de Areia
- 19h00 – Solenidade de reinauguração/discursos de autoridades
- Especial: (*) Produções de desenhos/grafites ZN Lovers e Sopa de Letras
Sobre Traço A – Escritório de Arquitetura, Urbanismo e Decoração
Formadas pelo Centro Universitário Belas Artes, as arquitetas do Traço A são engajadas em causas sociais e urbanas. Propuseram, na vida acadêmica, requalificações de favelas, em São Paulo e Jundiaí, e novas conexões urbanas para a 25 de março.
Utilizam suas experiências acadêmicas e profissionais de modo a complementar a dinâmica do escritório. Os conhecimentos complementares de cada uma das arquitetas que compõem o Traço A possibilitam a elaboração de projetos mais completos e criativos.
São elas: Gabriela Peloso – Atuou como estagiária no GRID arquitetura. Atualmente é voluntária em ONG e se dedica à criação e à elaboração de projetos urbanos, com amplo conhecimento em softwares para a fabricação digital / Aline Lopes – Atuou em escritórios de arquitetura, onde obteve experiências como auxiliar de arquitetura e engenharia.
Dedica-se, atualmente, a projetos urbanos e ao planejamento e desenvolvimento de projetos / Ariane Conde – Atuou na área de cenografia da TV Cultura, emissora de televisão pública e comercial de caráter educativo e cultural. Atualmente, desempenha atividades relacionadas à decoração, à cenografia e à produção de arquitetura. Contato/Instagram: @tracoa.arq
Sobre o Instituto Cultural Grão de Areia
É uma organização não governamental sem fins lucrativos que acredita no valor da música como forma de inclusão social e cultural. O projeto é dedicado às crianças que estudam em escolas públicas – 7 a 17 anos – para as quais há poucas oportunidades de lazer gratuito e de aprender a tocar um instrumento musical.
Oferece às crianças e adolescentes aulas gratuitas e semanais de música e instrumentos com o objetivo de proporcionar lazer, ampliação da bagagem cultural, potencialização da capacidade intelectual e de promover a socialização entre os jovens, a disciplina, a concentração, a auto estima, a capacidade de trabalhar em conjunto e respeitar o próximo. Diretoria: Celso Umberto Luchesi (presidente), Ellen Carolina da Silva (Diretora) e Hector Luchesi (Diretor Operacional). //Local: Av. Imirim,1.385 – Fone: 2667.1097 /// WhatsApp: 11-9-8910.1420 – Facebook: /institutograodeareia – Instagram: @graodeareia
Sobre o grupo Biografia do Samba
Em 02/08/2000 nasceu o grupo Biografia do Samba, motivado aos grandes festivas e apresentações no bairro. E a sua trajetória foram as apresentações em várias casas noturnas, levando o samba de repertório diversificado também nas quadras de escola de samba, e outros eventos corporativos e sociais.
E, deste modo, o grupo Biografia do Samba, teve ao longo dos anos buscando sempre o melhor do samba, com qualidade. O grupo é formado por Eliana (surdo e voz), – Lucas (rebolo), Luciano (pandeiro e voz), Rogério (percussão) e Ailton (cavaco e voz).
Sobre o Quarteto André Peloso – Q.A.P.
O guitarrista e compositor paulista André Peloso criou o seu quarteto, tendo a companhia do contrabaixista Gibson Freitas, do baterista Alex Duarte e do trombonista Fábio Oliva. Com base no jazz, o Q.A.P. faz incursões por ritmos populares brasileiros, como o baião, o afoxé e o samba.
Muitas das músicas apresentadas tem a assinatura de André Peloso como autoria. O músico estudou guitarra Fusion com o professor Mozart Mello, na Faculdade Cantareira, em 2011. Já na Orquestra Tom Jobim, André esteve presente como guitarrista e violonista sob a batuta do maestro Roberto Sion.