da Redação DiárioZonaNorte
O mercado de turismo doméstico movimenta mais de 200 milhões de viagens internas por ano e ganhou impulso com o ciclo de valorização do dólar ante o real. Jundiaí é um exemplo de município que se preparou para o momento.
Em 2019, a cidade foi eleita como o melhor destino de turismo rural do estado de São Paulo, pelo prêmio Top Destinos Turísticos. Hoje, a atividade turística da cidade é realizada por meio do trabalho integrado entre a Diretoria de Turismo, que faz parte da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Turismo e o Conselho Municipal de Turismo – COMTUR Jundiaí.
Jundiaí é um destino turístico reconhecido nacionalmente e suas seis rotas turísticas (Castanho, do Centro Histórico, Cultura Italiana, Terra Nova, Rota da Uva e a Rota do Vinho) agradam os turistas mais exigentes. E foi durante a 37ª edição da Festa da Uva e a 8ª Expo Vinhos, que encontramos uma Jundiaí em sua melhor versão.
O DiárioZonaNorte visitou a cidade a convite da agência de turismo Mania de Jundiaí e da Arebo Comunicação e literalmente, embarcou na proposta: viver a experiência de um charmoso roteiro partindo da Estação da Luz – no Expresso Turístico para Jundiaí.
A Inglaterra é aqui
Pontualmente às 08h30, juntamente com um grupo de jornalistas, influenciadores digitais e turistas, embarcamos em nosso trem. A Estação da Luz é impactante. Aberta ao público em 1º de março de 1901 e projetada pelo inglês Charles Henry Driver, a Estação da Luz foi construída entre 1895 e 1901 para atender à demanda da produção cafeeira da época. Ela ocupa uma área de 7,5 mil m² e sua estrutura foi trazida da Inglaterra, reproduzindo livremente o Big Ben e a abadia de Westminter.
Seguimos rumo a Jundiaí em uma locomotiva a diesel da Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos (CPTM) Alco RS-3 de 1952. De fabricação canadense, ela foi a encarregada de “puxar” dois carros de passageiros produzidos em aço inoxidável pela Budd – Mafersa na década de 60, equipados com bancos largos e confortáveis.
Os vagões do Expresso Turístico foram cedidos pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) e totalmente restaurados nas oficinas da CPTM.
Fomos recebidos pela simpática chefe de carro Vitória Regina Dantas da Silva, juntamente com a equipe de guias turísticos da Mania de Jundiaí. Durante cerca de uma hora e trinta minutos, pelas janelas do trem, trechos da história e do urbanismo de São Paulo passaram por nós.
Fantasma
Um dos pontos de destaque do trajeto é a travessia do velho túnel Botujuru – com 590 metros de extensão – ligando as estações Francisco Morato e Botujuru (em Campo Limpo Paulista). Estávamos a 50 quilômetros por hora e nossa travessia levou cerca de um minuto em total escuridão, com muitas risadas e palmas dos passageiros.
O que torna o túnel tão especial é a lenda do fantasma de Botujuru. Em 1898, o engenheiro inglês Henry Beeg – responsável por chefiar a obra foi assassinado no local e seu corpo foi enterrado ao lado do leito da linha férrea, onde hoje existe uma lápide com seu nome. Desde então o fantasma do Botujuru assombra o lugar e nas noites de neblina, seu vulto pode ser visto percorrendo o trajeto.
Terra da Uva
Ainda durante o trajeto, Benício Primo – diretor da agência Mania de Jundiaí, contou a origem da cidade e da Niágara Rosada – uma uva típica de Jundiaí, que surgiu como uma mutação genética natural entre as uvas Niágara e Niágara Branca, há 85 anos, dando origem a fruta e a tradição da Festa da Uva, inclusive, a fruta segue em processo de reconhecimento de Indicação Geográfica, uma certificação internacional que garante a autenticidade da origem.
Turismo Rural
Entre as opções de passeio oferecidas pela Mania de Jundiaí, é possível escolher apenas o bilhete de ida e volta com o Expresso Turístico (R$ 50,00) ou optar pela versão completa (R$ 150,00) que inclui translado em ônibus de turismo, com suco de uva e a famosa coxinha de queijo – patrimônio imaterial de Jundiaí -, passeio de degustação de uvas e vinhos nos parreirais da Vinícola Saccomani, onde os visitantes terão uma experiência de colheita de uva e o período da tarde livre, para aproveitar a Festa da Uva de Jundiaí.
Viaggio nel tempo
A Festa da Uva de Jundiaí é uma viagem no tempo. Ao entrar no pavilhão de exposições do Parque Municipal Antônio Carbonari – Parque da Uva – o visitante é transportado para um cenário que reproduz uma Jundiaí de 1934 – ano da primeira edição da festa. Um grupo de 20 atores, todos falando italiano e com trajes típicos, recriam situações vividas pelos imigrantes e envolvendo de forma lúdica o visitante.
Alguns Homens trabalham no cultivo da uva e outros, na confecção das caixas onde as frutas são colocadas. Mulheres preparam a “pasta”, limpam a casa e participam da vida na roça. Colonos pedem ajuda aos visitantes para carregar a colheita, oferecem uvas para provar e cantam canções italianas – que ajudavam a suavizar a saudade da “velha bota”.
A festa além de comemorar o desempenho da produção agrícola, beneficia diretamente 32 entidades locais.
Segundo a diretora de Turismo da Unidade de Gestão de Agronegócio, Abastecimento e Turismo (UGAAT), Marcela Moro, as entidades irão comercializar principalmente alimentos, doces e lanches. “Este é um aspecto muito positivo desta edição da festa, na qual esperamos um aumento de público de cerca de 5%, ou seja, aguardamos mais de 200 mil pessoas”, afirma.
Cidade das Crianças
A 37ª Edição da Festa da Uva de Jundiaí tem uma programação repleta de atrações culturais e brincadeiras com o foco o universo lúdico da infância, por uma razão muito especial: cidade é a primeira do Estado de São Paulo e a segunda no Brasil, logo após Boa Vista/RO, a integrar a Rede Latino Americana – Projeto Cidade das Crianças que contempla os programas Comitê das Crianças e Ruas de Brincar que têm como objetivo a implementação de políticas públicas que valorizam o protagonismo nas tomadas de decisões que reforçam a importância do ato de brincar. A iniciativa é resultado das adesões do município à rede e ao Instituto Alana.
Gastronomia
O visitante encontra no evento produtos típicos das seis rotas turísticas da cidade. Frutas frescas, pães artesanais de uva, geleia de uva e geleia de vinho, a incrível coxinha de queijo, massas, polenta e frango fritos, entre outras delícias.
O visitante também pode provar a tradicional costela fogo de chão. A culinária japonesa marca presença com pratos como yakissoba, sushi, guioza, tempurá e temakis.
Não deixe de provar a incrível Geléia Francesa da D’Viez. Ela é saborosa, elaborada com ingredientes nobres e é um alimento funcional. Contém Pectina (fibra solúvel extraída das frutas e vegetais) que auxiliam na redução dos níveis de colesterol LDL sensação de saciedade entre outros. Os chocolates também são delicados e saborosos.
Artesanato
A Festa da Uva de Jundiaí tem um espaço com vários expositores de artesanato. Peças lindas, autorais. Verdadeiras obras de arte.
Merece destaque a linha de joias artesanais da talentosa Mari Folster. Em seu trabalho a mestra joalheira utiliza prata (950) com banho de ródio, ouro, pedras brasileiras, pedras preciosas, pérolas, missangas japonesas miyuki e cristais Swarovski.
Corte da Uva
A Corte da Uva tem como rainha Joyce de Oliveira, a primeira-princesa Tamires Fernandes e a segunda-princesa Geovana Alcântara. É delas a tarefa de divulgar o evento. Pompeia Fabrício Raspantini também participa da festa. Aos 90 anos, ela é a rainha mais antiga e representou a Corte da 3ª edição da Festa em 1947 – que marcou a retomada da festa após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Pompeia era filha de agricultores. Seu pai, Raphael Fabrício, participou da primeira edição da Festa em 1934, tendo sido o vencedor da premiação como melhor pequeno produtor de frutas do Município.
Nos primeiros anos da Festa, rainha e princesas eram geralmente filhas de agricultores e moradoras de bairros rurais. Por conta do fenômeno da urbanização, essa tradição acabou dando espaço para que também as mulheres ligadas às atividades da cidade, e não só do campo, pudessem se candidatar. Nos últimos dois anos, no entanto, por meio de seletivas nos bairros rurais, a Prefeitura de Jundiaí vem resgatando as tradições iniciais da Festa da Uva.
Vinho
Paralelamente a Festa da Uva, acontece a 8ª Expo Vinho. Juntas, trazem várias atrações como leilão, premiações de uvas, vendas de artesanato, vinhos, licores, bebidas e produtos produzidos por agricultores da cidade, atrações circenses, workshops enogastronômicos e a tradicional Cerimônia da Pisa da Uva, que acontecerá todos os dias sob o comando do Grupo Folklorístico Stella Bianca, voltado para a preservação e divulgação de danças e músicas das diversas regiões da Itália.
Foi no final do século 19 que a produção de vinho teve início na região, com a chegada dos primeiros italianos. No início, a produção era artesanal e basicamente para o consumo das famílias. Com o tempo, foi ampliada e tipificadas, para as variedades tintos, brancos, roses, secos, suaves e frisantes. Atualmente há mais de 20 adegas produtoras de vinho.
Espumante de Niágara Rosa
Tradição, aprimoramento técnico e paciência fez com com que a região desse início a produção de Espumante de Niágara Rosada. O processo todo tem mais de dez anos e os produtores contaram com o apoio de centros de pesquisa como o Instituto Agronômico e a Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.
Apenas em 2018, o Ministério da Agricultura aprovou a produção da bebida, utilizando a Niágara. O resultado foi um espumante de excelente qualidade no perlage (formação de bolhas), na cor e no aroma frutado.
Vinho do Papa
Entre os expositores, a Adega Maziero, famosa por produzir o “vinho do papa”. Em 2007, o Papa Bento XVI celebrou a missa em sua vinda ao Brasil com Maziero Rose Niágara e em 2013 serviu no almoço do Papa Francisco, em sua vinda ao Brasil, o Maziero Moscato Seco e o Maziero Bordô Seco. Para celebração foi escolhido o Maziero Rose Niágara.
A Festa em números
Em 2020, a Festa da Uva de Jundiaí completou 85 anos e é um dos principais eventos agrícolas do Brasil, homenageando o plantio da fruta na região e os agricultores locais. Existem cerca de 1.500 propriedades agrícolas em Jundiaí, que juntas ocupam 52% do território.
Dessas, 500 produzem uva em mais de 10 milhões de pés, que representam 30% de toda a uva produzida no Estado de São Paulo. No primeiro final de semana, visitantes de 73 cidades, 12 estados e seis países estiveram presentes no evento.
A programação da Festa conta com mais de 150 atrações espalhadas pelos cinco palcos do evento. De acordo com Marcela Moro, entre o planejamento e a execução do evento – são necessários seis meses de trabalho.
Saiba mais sobre o Expresso Turístico da CPTM – clique aqui.
Veja a cobertura fotográfica completa aqui
Serviço
37ª Festa da Uva e 8ª Expo Vinhos
- Dias:desde 16/01 e encerramento: 31 de janeiro / 1 e 2 de fevereiro
- Horários: Quinta-feira (16) – às 18 h / Sextas-feiras – das 18h às 22h /
- Sábados – das 10h às 22h / Domingos – das 10h às 21h
- Local: Local: Parque Comendador Antônio Carbonari – Parque da Uva – Av. Jundiaí s/n
- Informações pelo telefone (11) 4589-8580
- @festadauvajundiai
- Entrada gratuita
- Ação solidária: Doe 1 quilo de alimento não perecível para o Fundo Social de Solidariedade.
Passeio Expresso Turístico Jundiaí
Dias: 18/01, 25/01 e 01/02
Encontro: 8h na Estação da Luz
Saída: 8h30 da Estação da Luz
Chegada em Jundiaí: 10h20
Embarque para SP: 16h30
Fim do roteiro: 18h30
Mania de Trilha – www.maniadetrilha.com.br
Mania de Jundiaí – www.maniadejundiai.com.br
Informações e vendas de bilhete: (11) 98673-4020/ (11) 97351-4359/ (11) 96852-2364
Ingressos:
R$50,00 – Expresso Turístico – ida e volta
R$150,00 – Expresso Turístico + traslado com serviço de bordo (com coxinha de queijo e suco de uva) + passeio nos parreirais com degustação de uvas, vinhos e colha e pague + Festa da Uva e retorno a São Paulo