112 anos da Vila Guilherme e o desprezo pelo aniversário, história e placas da memória

da Redação DiárioZonaNorte

• “Placas da Memória Paulistana” é uma cópia de programas de outros países e tem como objetivo proteger e promover os locais históricos da cidade;
• Vila Guilherme recebeu dois pontos históricos, publicados no Diário Oficial da Cidade: Capela/Paróquia São Sebastião e o Zoológico do Agenor; e
• Depois de dois anos destas escolhas dos pontos históricos na Vila Guilherme, as placas ainda não foram entregues nos locais,

Setembro destacava-se como o mês mais aguardado para os moradores da Vila Guilherme, na Zona Norte de São Paulo. O bairro chega, nesta 5a. feira (12/09/2024) aos 112 anos de história.

Ali sempre houve um passado vibrante de celebrações, que marcava cada ano com cartazes bem antecipados pelo comércio e espaços públicos anunciando: “Aniversário da Vila Guilherme – venha para a festa mais esperada do ano, traga a família para se divertir“.

Com colaborações de moradores, comerciantes e até empresas aconteciam as grandes festividades, realizadas na Praça Oscar da Silva, em frente ao prédio do antigo Grupo Escolar Afrânio Peixoto, conhecido como “Casarão” – e atual Casa de  Cultura Vila Guilherme – com barracas oferecendo uma variedade de doces e salgados, ao lado do palco com shows.

Nos últimos anos, o dia 12 de setembro tem sido negligenciado pelas autoridades. A ocasião é apenas lembrada superficialmente, com os políticos que aproveitam o momento para se promoverem em anúncios pagos em semanários ou colocando faixas nas ruas (contra a Lei Cidade Limpa), relegando o verdadeiro espírito comunitário do evento.

Ainda mais em anos eleitorais, como agora, a data é ainda usada para promoções em campanhas políticas, com palcos sendo montados esporadicamente para justificar a celebração, tudo financiado com dinheiro público.

Esse esquecimento não é exclusivo do bairro, pois a Zona Norte como um todo sofre de negligência. Projetos e eventos municipais frequentemente excluem a região, e há uma confusão administrativa ao incluir bairros da Zona Noroeste  (como Freguesia do Ó/Brasilândia, Pirituba/Jaraguá/São Domingos e Perus/Anhanguera) como parte da Zona Norte para mascarar a informação.

Cadê as Placas da Memória de V. Guilherme?

Em reportagem recente  (25/08/2024) do DiárioZonaNorte, com o título “Prefeitura de São Paulo promete, mas não reconhece pontos históricos da Vila Guilherme”, mostrando que o bairro ficou à deriva com a promessa do reconhecimento de dois pontos históricos com as “Placas da Memória Paulistana”, através da Secretaria Municipal da Cultura: Capela/Paróquia São Sebastião e o Zoológico do Agenor. (Mais detalhes na reportagem citada – clique aqui)

Foi frustrante a ausência da placa nas comemorações do centenário da Paróquia de São Sebastião, em 20 de janeiro de 2022 (há dois anos), apesar das várias tentativas de contato pelo padre Luiz Cláudio Vieira, através de telefonemas, correspondência e e-mails direcionados à Secretaria Municipal da Cultura, que nada respondeu até o momento.

Ninguém sabe das Placas de Memória Histórica da Paróquia de São Sebastião e do Zoológico do Antenor, depois da promessa há mais dois anos, nem mesmo a Secretaria Municipal da Cultura, que enviou mensagem ao jornal, em 10 setembro do ano passado, confirmando as placas e uma justificativa evasiva:

“Entre as propostas de pesquisa que foram premiadas estão as que contam sobre o Zoológico do Agenor e da Capela de São Sebastião da Vila Guilherme, atual Paróquia de São Sebastião, que passam por finalização da checagem por parte da equipe técnica, preliminar ao encaminhamento ao CONPRESP”.

Com todo esse imblóglio, resta pelo menos reconhecer o esforço do fundador da Vila Guilherme, o carioca e devoto de São Sebastião (que nasceu no dia 20 de janeiro comemorativo ao santo) Guilherme Praun da Silva, que concebeu uma planta revolucionária com atrativos na montagem de uma verdadeira cidade para aquela época: igreja, escola, farmácia, posto de saúde e outros.